Um tema recorrente nos grupos da energia solar é o sobrecarregamento de inversores, com as três principais dúvidas
Vamos esclarecer essas dúvidas a seguir.
O que é sobrecarregamento
Sobrecarregamento (também chamado de oversizing ou sobredimensionamento) ocorre quando a potência do arranjo fotovoltaica é superior à do inversor. A medida é definida como Fator de Dimensionamento (FDI), e sobredimensionamento corresponde a um FDI acima de 100%.
Cuidado: muitas pessoas usam a fórmula na forma inversa, portanto tome cuidado quando você discute o assunto com terceiros.
O que ocorre com sobrecarregamento - o efeito clipping?
A potência gerada pelos módulos depende da irradiância recebida num determinado instante, reduzida pelas perdas relacionadas ao aquecimento dos módulos. Enquanto a potência gerada pelo conjunto fotovoltaico está inferior à potência máxima do inversor, então este consegue repassar toda a energia e injetá-la na rede elétrica.
Quando o inversor chega ao seu limite máximo, ele ativa a proteção interna e limita sua potência de saída para evitar danos por superaquecimento. Tecnicamente, o MPPT do inversor sai do ponto de máxima potência (PMP), aumentando a tensão até encontrar um ponto de trabalho dentro do limite.
O efeito de corte da potência é chamado de clipping. No gráfico ao lado, desenhamos a curva da geração num dia de sol pleno. A curva azul continuaria no traçado vermelho, mas é cortada justamente na potência máxima do inversor, em 5.000W.
Como consequência, há perda de energia, representada na imagem pela área marrom.
Nem sempre há perdas
É importante entender que o clipping ocorre em horas ou momentos com alta irradiância. Em momentos com nuvens, ou em dias com menos irradiação, como nos meses de inverno, pode ocorrer nenhum ou pouco clipping.
O gráfico ao lado mostra um dia desses, parcialmente nublado, com um pico de geração encostando na potência máxima do inversor.
Este fato evidencia que não é simples prever as perdas causadas pelo sobrecarregamento.
Estudo de casos
Simulamos três sistemas com fator de dimensionamento diferentes, cada um com dados climáticos de São Paulo e Salvador para analisar a diferença na geração energética e no resultado financeiro.
Usamos, em todos os casos, o mesmo inversor PHB-75MT, com potência de 75kW, e modificamos o número de módulos para simular um FDI de 121%, 138% e 164%, respectivamente. Todos os projetos estão compatíveis com os parâmetros elétricos do inversor.
Usamos um valor turn-key do projeto compatível com estudos sobre o mercado brasileiro. O valor por potência é descrescente, já que o valor do inversor continua igual nos três projetos.
Simulamos os casos no software PV*SOL, e usamos dados meteorológicos em intervalos de minutos. Este detalhe é muito importante, já que a simulação em valores de horas esconde muitos eventos de clipping por passagem de nuvens.
Perdas em diferentes locais e fatores de dimensionamento
O gráfico ao lado compara as perdas por clipping nos seis casos simulados. Algumas evidências saltam aos olhos, todas coincidentes com nossas expectativas:
Vale a pena? Os resultados financeiros
A resposta à pergunta "vale a pena?" é financeira. O parâmetro que melhor embasa a decisão é a Taxa Interna de Retorno (TIR). Ela representa os juros anuais que o projeto fotovoltaico paga ao proprietário e permite comparar o investimento neste projeto com aplicações no mercado financeiro (CDB, juros fixos etc.).
O estudo financeiros dos seis casos traz um resultado que difere do energético:
O estudo precisa ser feito individualmente para cada caso
Podemos extrapolar os resultados destes estudos para outros projetos? Infelizmente, não.
A simulação, quando feita por um software profissional, leva em consideração uma série de detalhes que podem impactar fortemente os resultados:
Razões para fazer sobrecarregamento
Há várias razões que tornam o sobrecarregamento interessante:
A vida útil do inversor será reduzida?
Esta pergunta não tem uma resposta tão clara.O fabricante do inversor oferece uma garantia que é vinculada ao respeito dos limites técnicos publicados no manual. O prazo mais comum são 5 anos. Na prática, no entanto, calculamos frequentemente com uma suposição mais otimista, partindo de uma vida útil de 10 a 12 anos.
Quando projetamos que o inversor vai trabalhar frequentemente na potência máxima, então devemos usar uma premissa mais conservadora no cálculo econômico e prever a troca do inversor logo após o vencimento da garantia. Podemos, também, contratar uma garantia estendida para 10 anos ou mais, repassando assim o risco de falhar precoce ao fornecedor.
Cuidados ao dimensionar o conjunto
Ao ultrapassar limites de entrada informados na ficha técnica do inversor, os efeitos são diferentes:
Em relação aos primeiros quatro parâmetros, o efeito é financeiro e simulado no software. Solicite ao fornecedor confirmar que sua configuração é válida dentro da garantia, por escrito.
No quinto caso, pode ocorrer perda de equipamento não coberto pela garantia. Portanto calcule bem a tensão máxima na temperatura mínima do local da instalação para evitar esse risco!
Como proceder para elaborar o projeto
Recomendamos elaborar o projeto nas seguintes etapas:
Qual software usar para simular os casos?
Usamos o software PV*SOL nas análises apresentadas acima e o recomendamos para projetos em geração distribuída. Ele é completo em termos técnicos e com seus parâmetros financeiros, oferece um cálculo confiável e ainda é fácil de usar.
No Brasil, são centenas de empresas que confiam no PV*SOL. Você pode baixar a versão teste gratuita para iniciar as primeiras análises.
Para projetos de geração centralizada, recomendamos o software PVsyst, que oferece parâmetros específicos para este nicho de mercado.
Quer saber mais?
Assista ao webinar que gravamos sobre o assunto, em parceria com a PHB que complementou com seu ponto de vista de fornecedor de inversores: