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A polêmica do vídeo viralizado sobre a inversão de fluxo
Um vídeo do influencer digital de carros Felipe Fera viralizou no Brasil. O tema foi a reprovação de projetos pela CEMIG com alegação de inversão de fluxo. Ou então uma “aprovação” permitindo injetar energia solar somente durante a noite.
Inversão de fluxo de potência – o que é?
A energia que cada residência ou empresa recebe vem de uma rede de alta tensão e passa por um transformador para alimentar a unidade de consumo com média ou baixa tensão.
Quando ocorre mais geração do que consumo no ramal atendido pelo transformador, então ele vai passar a operar no sentido inverso, o que tecnicamente é possível mas pode causar outras implicações na rede.
Para esses casos, a Aneel inseriu a regra de “inversão de fluxo” na edição da Resolução Normativa 1.000/21 publicada no final de 2022. À distribuidora pode oferecer alternativas ou negar a injeção caso ela chegue à conclusão de que ocorrerá essa inversão.
Objetivo foi evitar sobrecarga da rede ou custo elevado com reformas da rede em regiões com pouco consumo e alto potencial de geração.
Dificuldades com a regra
A maior dificuldade com a regra foi o fato de que ela foi inserida sem qualquer discussão anterior na sociedade. Até 2018, a Aneel costumava organizar amplas consultas públicas sempre que atualizava a regulamentação da energia solar, e moderava os argumentos propostos pelos diferentes atores.
Com a falta de discussão, os critérios não ficaram objetivos e transparentes, e algumas concessionárias passaram a negar conexões de forma indiscriminada.
A nova regra, tampouco, estava prevista na lei 14.300/2022 que ordena a Geração Distribuída.
Tarefa: verificar a argumentação da distribuidora
Quando a concessionária argumenta com inversão de fluxo, a primeira reação da integradora deve ser a verificação disso: a Aneel exige estudos específicos daquele transformador e propostas alternativas que não sejam apenas uma cópia de casos similares.
Se houver outras unidades no mesmo ramal que consumem a energia gerada antes de afetar o transformador, então não há justificativa para restrições.
“Fast track” – uma solução para pequenos projetos
No ano passado, a Aneel instituiu uma nova categoria de projetos em Geração Distribuída, que ela chamou de “Fast Track”, e que não seriam analisados referente à inversão de fluxo. Nessa categoria, o limite de potência injetada é de 7,5 kW, com compensação somente local.
Solução zero-grid
Uma solução interessante para consumidores predominantemente diurnos é a solução zero-grid, onde a energia gerada é reduzida sempre que ela for extrapolar o consumo. Já falamos em outras oportunidades sobre essa tecnologia, que apresenta um enorme mercado com clientes do Mercado Livre - leja mais aqui.
Legislação - o PL 624
O estardalhaço do vídeo chamou atenção nas câmeras de Brasília e tirou da gaveta o Projeto de Lei 624, que promete corrigir as distorções. Fale com seus senadores e deputados para reestabelecer o direito do consumidor de gerar sua própria energia!